terça-feira, 24 de agosto de 2010

Liu e o Governador

Texto escrito pela amiga Renata Bertolino:


Eram 4h50 da manhã de domingo e Dona Jil, mãe de Alysson James da Silva, conhecido como Liu, já cutucava o garoto para levantar logo da cama. O dia quase já despertara de vez e todos se aperreavam em resolver os afazeres de casa, afinal, esse domingo era diferente, pois o “governador” iria passar na cidade e todos deveriam está prontos para recebê-lo.

Liu era um menino calado, como o falecido pai, analfabeto que morava com a mãe e mais cinco irmãos, sendo duas irmãs e três irmãos, em um povoado rural, com cerca de 2000 habitantes no interior do estado das Alagoas, chamado de Pé Leve.

Era agosto de 2010, e a campanha para administração executiva do estado estava frenética, em toda região não se falava em outra coisa se não nas eleições. Mas, o pequeno Alysson James não entendia o que aquilo significava, apenas sabia que era tempo de colecionar pequenos retratos de pessoas que, todos os dias insistiam em passear pelas ruas com barulhentos carros de som e muitas pessoas entregando fotos, que se acumulavam no chão e complementava sua coleção.

O tumulto na rua denunciava que haveria novidades no pequeno povoado de Pé leve. No meio da manhã a feira livre já estava sendo desarmada, as moças assanhadas estavam se arrumando, incluindo as duas irmãs de Liu, que estavam procurando suas melhores roupas para ocasião; seus irmãos foram cortar o cabelo e fazer a barba, enquanto Liu corria da feira pra casa com várias sacolas de verduras, raízes e carne nas mãos, pois sua mãe comprara muita comida para fazer o almoço antes da chegada do “governador”.

Na hora do almoço um de seus irmãos perguntou por que, que a mãe tinha cozinhado tanta comida? Dona Jil respondeu que o governador poderia fazer uma graça e almoçar com sua família.

Já passavam das 15h e todos do povoado aguardavam na calçada a chegada do “governador” e o pequeno Liu também correu para porta para aguardar.

Um forte barulho ouviu-se no Céu e todos saíram correndo em direção ao campinho de barro, aos berros – o governador chegou, o governador chegou!!! – Liu correu mais que suas pernas conseguiam aguentar, caiu, mas, conseguiu se arrastar até chegar bem perto do campinho, que ele jogava todas as tardes, e viu tocar o chão uma enorme máquina vinda dos céus, com um barulho ensurdecedor. Ele pensou ser um pássaro com asas no dorso que, ao invés de bater, elas giravam como carrossel. Encantado, ele não desgrudava os olhos daquele objeto voador que mobilizou todos da sua região para vê-lo no meio do campinho. Ele viu que algumas pessoas saiam de dentro dele e junto com elas a multidão seguiu. Foi quando alguém ao seu lado o empurrou chamando para acompanhar a procissão que partia, ele ainda admirado suspirou e disse que não poderia acompanhar a todos, porque queria ficar um pouco mais com o “Governador”. Talvez ele voasse mais uma vez e o levasse junto.


O mais incrível de tudo é que a experiência é totalmente real. O Liu existe e a Rê foi justamente aquela quem o chamou para acompanhar a 'procissão' e ouviu a resposta inesperada do garotinho...

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