quarta-feira, 26 de maio de 2021

consertamos o despertador

primeiro, você encontrou meu tempo
só então depois me avistou. 
era meio da tarde, já tinha algumas respostas
quanto trabalho o momento certo nos poupou!

reconheci cada uma das decisões, 
Nos acompanhei nesse sim seguido de sim
o grande e primeiro encaixe supremo:
meu tempo e o seu se encontrando, afins. 

conscientes, concentrados, nos aproximamos
lembrando sobre os descuidos e os bolinhos que o gato comeu. 
hoje você no seu próprio tempo
hoje eu toda trabalhada no meu,

Rio. O tempo é de ninguém. 
Ri. a nosso favor, ou não
mas o que a gente faz dele: ritmo, o querer, e a expressão. 
isso é só nosso, pelo tempo que ele nos permita

Minto. Me largo do tempo também e me alargo, 
Ele é rio, mas ao menos aqui nesse lago 
quem decide somos nós. 

É lindo e nada romântico,
ver essa areia na ampulheta da verde vontade de viver 
e cheia de realidade eu te chamo
"vem cá, meu bem. é bom lhe ver
o  mundo anda tão complicado que hoje eu quero fazer tudo com você"

quarta-feira, 19 de maio de 2021

O fio continua correndo




O fio vai correndo com tudo, enquanto corto os dedos tentando segurar

é fio do tempo,  ou fio da memória sobre algum lugar onde eu jurava que conseguia controlar o que entendia. Então voltei aqui para me ler, porque não lembrava mais como era. Não tenho mais a menor noção. 

Vou lembrando de tudo o que escrevi, do que quis justificar, do que quis cavar mais um pouco, do que quis esconder também. Quanto tempo livre eu tinha! 

Mas antes que eu vá embora mais uma vez, talvez facilite expressar o que servirá para uma outra pessoa, que sou eu, lá na frente, já sem fio - talvez sem nem dedos.

Não venho tido tempo de escrever sobre o que quero. Não venho tido tempo de ler minha estante. Sempre tem algo mais urgente a expressar. Sempre algo mais avassalador que eu precise estar informada.

 Sei que todo esse "eu" absorvido pelo "nós" não suprime meu ego. Deixa-o espremido, encapsulado em múltiplas moléculas dispersas, que ainda vão me cobrar a conta em algum lugar. 

Por enquanto, não tenho como pagar. Isso aqui é só uma amortização simbólica. Reconheço minha dívida quando preciso correr diariamente para ter certeza de que consigo respirar.  Ou quando arranco compulsivamente meus cabelos brancos que nascem, mesmo amando cabeleira branca. Amorteço  minha dívida reparando nos pequenos detalhes que me saltam, nas marcas do tempo, no fio que corta meu dedo.

A "produção de conteúdo" exige que o cérebro trabalhe para informar algo relevante. Nos múltiplos pedaços que recolho, a desgraça coletiva inebria as dores individuais, e sempre será ela a que vai tomar a frente na urgência de buscar soluções. Porque meu autocuidado depende de resolver o que for mais urgente. 

E a urgência é um ego também. Estas moléculas de ego continuam distribuídas, confusas, em cada lugar dessa desgraça que não tem uma alma ao meu redor que não a sinta.  

Quem estiver sobrevivendo, utiliza suas próprias amortizações também. Vai se fragmentando: uma praia quando dá, um sofá, o álcool e o café, o buraco profundo de redes sociais. Amortizamos, enquanto o fio corre. 

e, foi mal, mas nem lembrava o link desse blog. 


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