meu amigo, enlouqueceríamos!
começaríamos a nos lembrar de quando ríamos entre um vinho e uma bebida pronta preparada sem muito preparo para justificar e alimentar nossa vontade de nos soltarmos, de deixarmos de escanteio todos os pequenos detalhes que obstacularizam nossas vontades.
Agora lembramos, ressacados: não éramos donos do mundo, nem queríamos. Queríamos algo como SER o mundo.
E éramos.
Mastigando um pão sem sabor, tentamos curar essa ressaca que nos agride, não apenas por termos perdido a fluidez de uma embriaguez, mas por termos permitido que o álcool secasse tudo o que tinha dentro de nós. Nossos doces exageros e requentados destemperos. E a cabeça latejante que defende a inconsciência, ou que nos faz clamar pela demência à continuar com as arrependidas lembranças de quando não havia detalhes, ou as tais c-o-e-r-ç-õ-e-s sociais que nos impedissem de ir aonde queríamos, de ser o mundo.
Retornamos, claro, de onde nunca saímos, por fim: a linearidade, a ilusão de autenticidade. No local seguro onde o cérebro jura-de-pés-juntos ser dono de si. No lugar seguro onde o máximo do desconhecido a qual nos entregamos é o sono.