Quem acompanhou os quase dez dias da IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas deve ter conhecido autores que marcaram a literatura brasileira e mundial, apresentando obras que bem nos lançam a novos ambientes, novos conhecimentos ou mesmo novos modos de observarmos as mesmas paisagens. Mas será que ‘esse tipo de gente’ era o que a maioria dos maceioenses esperavam no evento literário? Bem, vamos ver…
O jornalista, professor e escritor alagoano, José Marques de Melo, por exemplo, lançou o quarto volume da obra que assina como organizador: “Imprensa Brasileira: Personagens que fizeram história”. O livro é um compilado de informações sobre personagens como Nelson Rodrigues, Joel Silveira, Aluísio Azevedo e outros nomes de igual importância na história da imprensa. José Marques ainda esteve em diversos momentos dentro da Bienal, participando de mesas-redondas, de onde abordou temas como a ética dentro do exercício jornalístico, lembrando-nos frequentemente da própria história do Estado em seus discursos.
O escritor francês Stéphane Audeguy trouxe aos alagoanos relatos de suas experiências que deram origem aos seus dois romances. Em A Teoria das Nuvens, ele retrata a história de um costureiro japonês e colecionador de livros, obcecado por estudos sobre as nuvens em meio à catástrofe em Hiroshima.
Já em O Filho Único, de onde foi agraciado com o Prêmio Deux Magots em 2007, Audeguy faz um romance histórico sobre nada menos do que o irmão de Jean-Jacques Rousseau, o libertino François (pois é, Rousseau tinha um irmão!), que fugiu e decidiu viver em meio aos prostíbulos em Paris, geralmente freqüentados por políticos e gente do clero. “Gosto de captar essas brechas para investigar e imaginar o que teria acontecido com o que a história oficial não relata”, comentou durante o bate-papo. Apenas treze pessoas estiveram presentes dentro da sala onde Audeguy mostrava detalhes da obra, contando com o próprio autor e seu intérprete.
Os grandes escritores Ruy Castro e Ignácio de Loyola Brandão emocionaram os presentes com seus discursos. Loyola Brandão impressionou a todos por sua simplicidade e inteligência. Ruy Castro, o leitor apaixonado, mostrou que o motivou ao jornalismo foi, de fato, sua afinidade com as palavras. Desta vez, as cadeiras da plateia estavam razoavelmente preenchidas.
No entanto, foi a última escritora do último dia do evento quem ‘bombou’. Com um ramo de orquídeas ornamentando sua mesa, num auditório lotadíssimo, a atriz Maitê Proença foi ouvida por centenas de pessoas sobre sua vida e sua trajetória, que deram origem aos dois livros: ‘Entre os Ossos e a Escrita’ e ‘Uma Vida Inventada’, isso tudo, após um pequeno tumulto ocorrido na sala José Marques de Melo, que não comportou a quantidade de pessoas que queriam ‘ver’ a atriz global, fazendo com que a organização, inteligentemente,modificasse o local da palestra para o auditório principal do Centro de Convenções.
Aqui, definitivamente, não será questionada, por exemplo, a competência literária da atriz, ou o que foi dito durante a ‘palestra’. Apenas uma pequena ressalva aos comentários dos que estavam sentados nas cadeiras: “Será que vou conseguir tirar foto com ela?”. “Você acha que ela vai falar sobre a história da pensão que ela perdeu?”, e “sobre os portugueses que ela saiu falando mal? Será que ela vai comentar sobre isso?”, “Só saio daqui quando conseguir um autógrafo”..De repente, com seu vestido estampado, loirice acentuada e andar apressado.. "é ela! é ela!"..a escritora? de que livro? é a atriz da novela!
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