quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O corte

Não adianta para sempre esconder a frustração
esse misto de pequenas vitórias e derrotas diárias
Passei duas horas sentada, gravei, assimilei e pesquisei
Se pensei que estavam certos ou se estavam errados
Se eram hipócritas ou meros azarados, pouco importava, era só minha opinião
diante de algo maior: exercer o que vim fazer, e fazê-lo no pleno uso da razão
e da ética, esse palavrão.

E então, texto meu, o que fizeram de você?

recursos, sala, ar condicionado, gravador,
computador, cadeira, balcão, energia
minha própria vida durante aquela hora contabilizada pela folha de ponto
nada era meu
que pretensão, oras, querer que aquele texto fosse?

Contentava-me que o texto fosse do mundo
que aquelas informações fossem divulgadas
para que cada um interpretasse a história como bem entendesse
aqueles personagens como hipócritas, vítimas ou azarados.
que tivessem, por direito, cada um sua opinião.
uma folha
duas folhas
três folhas
e o findar da manhã, como quem levantou mil halteres
tendo em mãos a finalizada soma de caracteres

então meu texto, será que você será forte?

R: palavras sem destino nunca o são
em mensagens curtas, que me diziam: total corte
eu soube que o desfecho teria a mesma aberração.

o texto, meu texto, texto deles e de ninguém
não é mais texto, é só produto de qualquer imaginação.

e a certeza de que por mais que tentemos
por mais que cuidemos
por mais que evitemos,
e preservemos:

vez ou outra a gente cai mesmo- e de cabeça - no vão

sexta-feira, 15 de julho de 2011

"Teremos coisas bonitas pra contar..."

Então fui convidada a falar um pouco sobre a Vila dos Pescadores de Jaraguá. Um perigo! Perigo, antes de tudo, de começar a falar e não terminar mais, ou de ser pouco precisa, ou de não falar tudo (eis que, agora ao revisá-lo, lembro de milhares de coisas que esqueci de comentar)... Mas juro que tentarei me restringir aos fatos. Talvez nem sempre consiga , considerando que já deixei há tempos de estar no seguro distanciamento de ‘imprensa’.

Foi enquanto cidadã que me reuni, na última terça-feira (12), com o grupo de blogueiros que faz parte do Montando a Blogosfera, no Facebook, para tecer alguns comentários sobre o que realmente acontecia no lugar em que hoje chamam de Favela de Jaraguá. Não quero com isso forçar ninguém a absorver o meu entendimento sobre o tipo de política exercido pela Prefeitura de Maceió. Espero, na verdade, que cada um entenda a seu modo..

A primeira vez que entrei naquelas casas, antes vistas apenas de passagem – quase nem vistas, diga-se de passagem! – foi em meio aos primeiros conflitos. De um lado,as mais de 500 famílias que queriam moradias dignas naquele espaço, do outro, uma prefeitura que chegou a insistir que usaria até de força policial, se preciso, para acabar com a comunidade que está em Jaraguá desde que Maceió sequer era a capital alagoana.

Foi apenas quando entrei lá que entendi: a Vila dos Pescadores de Jaraguá foi favelizada a partir de enchentes que ocorreram em meados de 2001(salvo engano), quando a gestão anterior do Município alojou centenas de desabrigados do Benedito Bentes para uma fábrica de gelo situada ali perto. Tempos depois, a fábrica foi fechada e, sem grandes opções, todos apertaram o lugar e decidiram ser os novos vizinhos dos pescadores. Pois é. Nem todos que estão ali tem a pesca como atividade, como meio de vida.

Quem aqui ainda lembra da guerra que foi emplacada em 2008? A imprensa registrou: enquanto os pescadores fechavam ruas, chamavam a imprensa e reforçavam que de lá não sairiam, o prefeito Cícero Almeida, no uso de suas ATRIBUIÇÕES, conseguiu dar tiros e mais tiros no pé, ao chamar os moradores de traficantes e vagabundos. Seu secretário, por sua vez, acrescentou que pescador não tem querer e que, “Chova o que chover, os moradores serão deslocados e o novo conjunto, habitado. Vamos acionar a Polícia Federal, se preciso”.

Vale lembrar: aquele pedaço de terra é da União, que cedeu a prefeitura para que ela reurbanizasse a Vila. Com o projeto pronto e devidamente acatado pela Superintendência de Patrimônio, Almeida decidiu ‘mudar os planos’. A ideia tornou-se, então, construir o ‘sonho do prefeito’, uma luxuosa marina. Quanto aos pescadores? Eles que se afastem e aceitem a construção dos prédios no Sobral. A ameaça: Ou isso, ou seriam deslocados para o Benedito Bentes.

Pronto. O auê recomeçou.

Temendo ser forçada a se mudar para o conjunto no Benedito Bentes, a maioria dos moradores assinou uma lista totalmente obscura distribuída por técnicos da prefeitura, onde se comprometiam a aceitar goela abaixo os prédios no Sobral, cujas construções começaram numa velocidade incrível, enchendo de olhos aqueles que estavam acostumados a viver subumanamente em favelas. Por outro lado, essa mesma Prefeitura conseguiu a proeza de inventar que havia uma conspiração saída da imaginação fértil do Ciço: havia, segundo o prefeito, uma suposta ‘ONG de Universitários’ que queria manter a miséria no local e, por isso, induzia os moradores a preferir a permanência em Jaraguá.

Almeida, no auge de sua popularidade, também dizia que essa luta era apenas do interesse de traficantes. Trabalhadores, adolescentes, idosos, crianças, mulheres... todos, todos, que acordam às 4h e vão dormir às 22h, foram reduzidos a um grupo de criminososos que, como em vários outros bairros periféricos - onde o crime ainda não tem gravata – agem e vendem droga para os garotos bem vestidos de outros locais da cidade de Cícero Almeida.

Quem trabalha com pesca, não tem hora para chegar ou hora para sair. São centenas de famílias que vivem do que o mar entrega. São centenas de pessoas que precisam sair de madrugada, chegar de madrugada, que correm riscos sérios de uma ressaca do mar destruir seus navios. No Sobral, sequer a garantia de um transporte foi assegurada.

Quando à época questionei sobre tudo isso ao prefeito, eis sua conversa torta e sem sentido:

http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=186877

Não é só isso!

Crianças, adultos, idosos, correm no meio da sujeira, do esgoto (não há qualquer saneamento no local) porque, numa clara forçação de barra, a prefeitura simplesmente não recolhe o lixo na Vila... depois simplesmente chama seus residentes de ‘imundos’.

Quem é desavisado, concorda. E Maceió é cheia, cheia de gente desavisada!

Hoje, 80% dos moradores querem deixar a favela e morar no apartamento quase pronto no Sobral. Eles não sabem como irão trabalhar, como irão se locomover, mas querem sair do esgoto, do lixo, do calor, da favela, e morar naqueles concretos, que parecem ser muito mais concretos do que o sonho longínquo de 20% dos outros, que defendem moradias dignas no local de origem.

Sem descanso, a prefeitura resolveu afirmar aos que querem sair que a demora para mudança só ocorre devido a insistência dos que querem ficar. Agora, não é comunidade x prefeitura, mas comunidade x comunidade.

E quanto mais criam novos discursos, mais tentam desunir os moradores da Vila, mais tentam descreditar a luta pela permanência. Ou melhor, a luta pela escolha. Tudo “para melhorar o visual da cidade”, como diz Almeida. Para melhorar o visual do jeito dele, ou deles.

Entretanto talvez eles tentem fazer com que passe batido, mas aqui nasce nossa luta para deixar as coisas tão claras quanto o mar de Jaraguá:

Existe um visual na VILA DOS PESCADORES que, quem olha assim de fora, assim de passagem, mal consegue ver: existe uma riqueza, uma vida, que prefeito nenhum, que tráfico, lixo, e todos esses problemas desencadeados – e alimentados - por essa gestão, pode fazer morrer!

Na Vila tem maracatu, capoeira, oficinas de artes, de instrumentos.; Tem o ponto de cultura Enseada das Canoas, a Casa da Mãe Vitória, tem eventos culturais, mostras. Tem uma tradição e um ritual que começa com a construção dos navios.

Em breve, muito breve, vai ter também uma biblioteca comunitária! Agora sim, chegamos no ponto de partida do que deveria ter sido o motivo da conversa na reunião com os blogueiros...

A dúvida maior, e a alegria também, é em saber como essas pessoas conseguem participar, interagir e criar tanta riqueza numa situação tão incerta, imprecisa, conflituosa. Numa briga tão desigual. Talvez seja preciso aguçar os ouvidos e conhecer a Vila melhor para saber um pouco do que estou falando, de quem estou falando... E sobre outros tantos detalhes que parecem invisíveis aos olhos distraídos, ou perigosos demais às mãos erradas.


Vejam o blog da Associação dos Moradores e Amigos de Jaraguá (Amajar):

Agora, as fotos! :)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Acho que a gente é que é feliz

Ainda bem que existe o envolvimento! Sem ele, como existiria movimento e, vez ou outra (tá bom, quase sempre!), um leve-grave tormento¿

Você está lá, escrevendo uma matéria sobre um assunto e, alguns anos depois, por puro em-vol-vi-men-to, muda sua posição no estádio e, de visitante, vira torcida.. de torcida, entra mesmo no campo e não quer nem saber se entrou para ganhar ou perder.

Ao se envolver, você pode até ser do tipo pessimista, ou realista demais, mas não pode deixar que isso invada e se transforme num modo de agir. Você não pensa: ‘vamos tentar, mas é difícil’. Prefere dizer assim: ‘é difícil, mas vamos tentar! Por onde começamos¿’

Se existe envolvimento e existe movimento, os tormentos fazem parte.. mas é bom ser prático. Até para pensar!

Certo: o outro time é mais experiente, bem preparado, adora cometer faltas e a arbitragem é cega, cega... mas e daí¿ a gente tem garra.. e mesmo que os gols sejam, vez ou outra ou quase sempre, impedidos, a gente corre de novo para mostrar que podemos acertar na rede, num tiro de meta indiscutível.

Correr nunca foi problema para nós. Para vocês, que lidam com a correria diária, da vida, para conseguir ter e dar alimentos, água, conforto e dignidade para suas famílias, enquanto repassam parte desse trabalho para um governo que, ao invés de administrá-lo, transforma-se num monstro que os engole. Um timinho de falcatruas que articula com árbitros... que fazem vistas grossas. A gente olha para torcida, em busca de apoio, e elas estão distraídas..

Se pensar nisso atormenta, que bom! É para isso, afinal, que serve o movimento. É por isso, aliás, que é preciso envolvimento.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Boêmicas prudências

Se a gente não tivesse essa ilusão de linearidade, essa postura de autenticidade
meu amigo, enlouqueceríamos!
começaríamos a nos lembrar de quando ríamos entre um vinho e uma bebida pronta preparada sem muito preparo para justificar e alimentar nossa vontade de nos soltarmos, de deixarmos de escanteio todos os pequenos detalhes que obstacularizam nossas vontades.
Agora lembramos, ressacados: não éramos donos do mundo, nem queríamos. Queríamos algo como SER o mundo.
E éramos.
Mastigando um pão sem sabor, tentamos curar essa ressaca que nos agride, não apenas por termos perdido a fluidez de uma embriaguez, mas por termos permitido que o álcool secasse tudo o que tinha dentro de nós. Nossos doces exageros e requentados destemperos. E a cabeça latejante que defende a inconsciência, ou que nos faz clamar pela demência à continuar com as arrependidas lembranças de quando não havia detalhes, ou as tais c-o-e-r-ç-õ-e-s sociais que nos impedissem de ir aonde queríamos, de ser o mundo.
Retornamos, claro, de onde nunca saímos, por fim: a linearidade, a ilusão de autenticidade. No local seguro onde o cérebro jura-de-pés-juntos ser dono de si. No lugar seguro onde o máximo do desconhecido a qual nos entregamos é o sono.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

a grande bola que gira no espaço

leio com a segurança de quem pisa na terra firme
mas sabe que se trata de uma grande bola que gira no espaço sem ponto fixo

leio com a sensação de estar fora e dentro do que meus olhos decodificam
mas sabe que a posição de quem vê é apenas mais uma perspectiva.

Eu leio para sentir e pensar, não para acumular
para colocar os pés no chão e para imaginar, não para explicar
para expandir e aprofundar, não para alinhar
para me perder e me encontrar, não para apontar

para expor e para transpor, não para impor
para conhecer e aprender, não para prender

e por ler, eu escrevo
e mesmo que eu tema o que escrevo, não temo tanto assim
porque sei de duas coisas:

a primeira é que escrevo no que acredito
e não me canso de ter no que acreditar
ainda que mude de ideia

a segunda é que escrever é como criar um bicho
se você pretende mostrar aos outros
não pode temer mostrar o bicho que você ama
não pode temer que ele não tenha sido adestrado do jeito que
os outros queriam vê-lo.

você pede uma pata,
e ele avança
você diz 'role',
e ele morde.

domesticada e selvagem
a palavra sai de você
e você é filho da terra

que acorda e conscientiza-se: o bicho não nasce por sua causa... ele sai do útero da terra
e à terra retornará.

O que você escreve, ainda que tenha saído da sua mente,
são palavras já escritas soltas e unidas a que você atribuiu um significado
um palimpsesto escondido
um bordado desfiado...

sua mente é a própria linha torcida: as sinapses, as sintaxes e sínteses
que você insiste em ligar, desligar, amarrar, e enrolar
perdendo-se do começo ao fim desse cardaço
esquecendo-se de quando Quintana dizia
que 'quando vira nó já deixou de ser um laço'

tenta desamarrar o nó
vê a vida como um fiasco
e o que escreveu até então
um bicho de perdidos passos

mas esquece que não está só
que a palavra tem poder
e o poder deve ser religado:
por sinapses, mãos dadas e laços
por união que não limita-se a abraços
mas aos palimpsestos, os afiados bordados
às leituras que acontecem na terra
na grande bola que flutua no universo
na força do que você acredita
se o que você acredita ilumina e nos religa
no seu verso.

sábado, 22 de janeiro de 2011

"Metade vítimas. Metade Cúmplices. Como todo mundo"

A Mídia, a sociedade, e o seqüestrador do Ônibus 174



“Ele falou: ‘você aí de mochila, é estudante?’. Eu disse ”Sou estudante, sim”. Ele respondeu: “Então vá embora, porque você deve estar atrasado. Abre a porta e depois fecha por fora”. Aí eu falei: “Tá bom”
Passageiro do Ônibus 174, liberado por Sandro do Nascimento


A TV queria uma grande história para transmitir nacionalmente. Sandro do Nascimento, aos 22 anos, fez a ela essa ’gentileza’. Ao invadir o lotado ônibus 174, na zona sul do Rio de Janeiro, o rapaz, então perdido e sob efeito de drogas, deu à imprensa o filão de quatro horas seguidas para o dia 12 de junho de 2000: manteve 11 passageiros sob a mira de um revólver, no que seria um assalto ou um seqüestro, não se sabe bem ainda, no Jardim Botânico.

Ao redor, centenas de policiais militares com armas apontadas. A adrenalina envolvia todos os participantes daquele reality show de mau gosto, que terminou de modo trágico. A imprensa o cobriu do início ao fim, cada nuance, cada imagem colhida e auxiliada pelo próprio rapaz, que vez ou outra, simulava atos de agressão contra os passageiros. Anos depois, o depoimento das vítimas: toda aquela violência não passava de um teatro exposto para 60 milhões de expectadores em todo o Brasil. Enfim, e de modo escancaradamente tardio, 60 milhões de pessoas viram Sandro do Nascimento. Graças e ele, graças à mídia.

“Falei que seu nome seria Sérgio. ‘Tá ok, Sérgio?’. Ele disse: ‘então tá, tudo bem, meu nome é Sérgio. Pode me chamar de Sérgio’. Até o momento eu não sabia, ninguém sabia, que ele era o Sandro”, contou o policial designado a comandar a operação.Não importava muito a ninguém ali, à época, saber quem era Sandro. Tampouco aos policiais que, como relataram, eram pessoas sem treinamento ou auto-estima, que não conseguiam se inserir no mercado de outra forma e, em sua maioria, encaravam a profissão como uma forma de ‘prender e acabar com marginal’.

Com toda a prepotência de quem se perde no meio do caminho, a imprensa tentou de forma desastrosa apontar vilãos e mocinhos. O documentário de Jorge Padilha, no entanto, definido pela crítica como seguramente imparcial, preferiu ser mais adepto à famosa máxima de Jean-Paul Sartre e tratou os sujeitos envolvidos “metade vítimas, metade cúmplices, como todo mundo”.

O próprio documentário começava com a câmera percorrendo toda a cidade do Rio de Janeiro – começando pelo morro até os casarões– enquanto recolhe, em off, depoimentos de pessoas que, como Sandro Nascimento, viveram e vivem sob a máscara da miséria passada às vistas grossas aos olhos de uma sociedade predominantemente ‘classe média’, de uma imprensa superficial voltada a sensacionalizar o estopim, e de uma gestão pública alheia à base de uma pirâmide que, no final das contas, tem mobilidade social quase nula ou, no mínimo, questionável.

Em paralelo aos relatos de policiais, testemunhas e passageiros do ônibus 174, que relataram, cada um sob seu ponto de vista, o episódio do seqüestro ao coletivo, o diretor do documentário também colheu, numa narrativa cuidadosamente jornalística (agora sim!), depoimentos, documentos e períodos que narravam toda a vida marcada por perdas, mortes, fome, descaso, abandono e crimes, de um desconhecido Sandro do Nascimento. Sandro, quando ainda menino de rua, viu sua mãe, grávida, ser assassinada a facadas, enquanto se encolhia embaixo da mesa com medo de ter o mesmo destino. Sandro presenciou a chacina na Rocinha. “Ele estava descontrolado. Contava que a família toda tinha morrido, que não tinha nada a perder”, lembrou uma passageira do ônibus.

Como bem lembrou o relato de um sociólogo “esse Sandro é um exemplo dos meninos invisíveis que, eventualmente, emergem e tomam a cena, e nos confrontam com a sua violência, que é um grito desesperado, um grito impotente”. O depoimento foi seguido por algumas cenas cotidianas de meninos parados nos sinais, que tentam angariar uns trocados ao lado de desatentos cidadãos.

Em depoimentos das próprias testemunhas, pode-se ver a sensação de que todo o episódio 174 foi justamente alimentado e elevado pelas lentes das câmeras, pelos flashs das máquinas fotográficas:

- “Eu acho que a televisão permitiu que ele se sentisse poderoso, na medida em que ele sabia que estava sendo filmado, e queria ser filmado”.
- “A mídia é algo que traz confiança ao seqüestrador. É a certeza de que não vai ser executado, morto”.
- “O prolongamento daquela situação também servia como um espaço de significar alguma coisa a alguém, como um espaço de mostrar que ele tinha poder, que ele existia, e isso era uma coisa tão fundamental quanto resolver aquela situação e sair vivo”.

Nos últimos capítulos, o “gran finale”: Sandro pediu às vítimas que gritassem quando ele atirasse para ‘o nada’, enquanto as confortava assegurando que ninguém morreria ali. Ledo engano. O fim traçou uma torturante escolta de Sandro, já preso pelos militares, até a delegacia. Se ele chegasse vivo lá, o que não ocorreu. O anti-herói Sandro do Nascimento foi asfixiado em todo aquele trajeto, sob a insistente cobertura da imprensa em um helicóptero, no seu esperado distanciamento seguro. Fim de caso.
Ou melhor, show encerrado.
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