sábado, 16 de março de 2013

tudo fica bem (e todo mundo também)


"Quero ouvir uma canção de amor,
que fale da minha situação,
de quem trocou a segurança do seu mundo
por amor,
por amor."

O Mundo anda Tão Complicado - Legião


e foi mais ou menos assim:
estava na beira do mar, em pé sobre a rocha
e queria mergulhar, mas tinha medo do frio,
tinha medo de ouriços, tubarões e dragões
mas olhava encantada para dentro,
na minha aparente segurança do lado de fora,
queria, segura na margem, apreender o que havia de inseguro no escuro profundo de tudo o que é mundo,
mas tinha aprendido que o escuro, o profundo, quase sempre é errado e perigoso,

só de olhar as águas turvando o próprio interior,
confuso, já sabia que era,
mas era melhor pular logo do que acabar escorregando.


Pode ser inferno ou paraíso astral, o milênio, 2013 que chegou apesar das profecias,
pode ser meu filho, os quase 25, os cabelos brancos ou as estrias,
Mas antes de chegar abril, do fim dos ciclos, do momento da espera, de sentar em um
banco de praça,
minutos antes e fazer a mesma coisa
durante todo o resto da minha vida,
antes de me conformar e acreditar que foi para isso ou aquilo que nasci,
antes de me orgulhar por uma vida estável, apaziguável, rentável, e bastante razoável,
antes de crer em destino, na predestinação, no apocalipse zumbi, ou numa grande missão

caí fora,
(melhor seria dizer que caí para dentro, com tudo),

e mesmo sem saber se há areia, cidade grande, ou uma ilha paradisíaca logo à frente,
nada supera esse gosto de mar, a leveza das águas, a beleza de estar aqui dentro,
e não há superação maior do que deixar a velha contemplação do que-eu-queria-e-tinha-medo, para fazer meu destino com meus próprios braços e pernas exatamente-onde-quero-estar,
e por mais que o mergulho seja profundo, misterioso e confuso,
apreender daqui de dentro é muito menos turvo,
daqui de dentro, também consigo ver rochas
e bem poderia subir nelas,
mas fujo.

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