sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
Lúcia
que a gente não esqueça quem a gente é
que esse choro cor de sangue não deixe de nos invadir
que não nos esqueçamos da conversa corriqueira
do fim do corredor, do lixeiro, de uma cadeira
azul e um tanto quebrada
e ela sentada,
com seu riso solto,
o café resgatado
e o salário descontado.
"- como vai o pequeno?
- crescendo, crescendo. vai à lua, do jeito que vai."
entro na sala de aula. ela sai..
vamos sociologizar sobre cães e peixes espadas
vamos relativizar a violência
nada de debates, fiquem mudos!
e foquem vossa impaciência
no que interessa para o mundo:
a produtividade da (neutra) ciência
vamos passar direto, olhando para frente ou para cima
e se vier a sensação de atropelo
não se distraia olhando para os lados
a resposta está nos prazos
porque tempo, vos digo:
é dinheiro.
Saímos das aulas com corpos esmagados
olhos cansados, passos atarantados,
"E não esqueçam, meus caros
A pressa é melhor amiga da produção
falem sobre cadeiras, chaves de fenda ou papelão
afinal tudo é digno da nossa sociologização
Só não olhem para os lados.
não há murais informativos,
só pessoas"
E agora a cadeira está vazia
o corredor não tem gargalhada
e enquanto a sociedade mata
a gente escreve sobre o caixão
"mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão"
que esse choro cor de sangue não deixe de nos invadir
que não nos esqueçamos da conversa corriqueira
do fim do corredor, do lixeiro, de uma cadeira
azul e um tanto quebrada
e ela sentada,
com seu riso solto,
o café resgatado
e o salário descontado.
"- como vai o pequeno?
- crescendo, crescendo. vai à lua, do jeito que vai."
entro na sala de aula. ela sai..
vamos sociologizar sobre cães e peixes espadas
vamos relativizar a violência
nada de debates, fiquem mudos!
e foquem vossa impaciência
no que interessa para o mundo:
a produtividade da (neutra) ciência
vamos passar direto, olhando para frente ou para cima
e se vier a sensação de atropelo
não se distraia olhando para os lados
a resposta está nos prazos
porque tempo, vos digo:
é dinheiro.
Saímos das aulas com corpos esmagados
olhos cansados, passos atarantados,
"E não esqueçam, meus caros
A pressa é melhor amiga da produção
falem sobre cadeiras, chaves de fenda ou papelão
afinal tudo é digno da nossa sociologização
Só não olhem para os lados.
não há murais informativos,
só pessoas"
E agora a cadeira está vazia
o corredor não tem gargalhada
e enquanto a sociedade mata
a gente escreve sobre o caixão
"mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário