segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Eu também quero protestar!



Só hoje, foram protestos para todos os lados por essas bandas. E lá na salinha, em frente ao computador, eu estava relatando sobre eles, falando deles, contando, e depois tecendo comentários sobre um ser justo, o outro não; todos certos, todos errados, os protestantes, os protestados... Mas agora adotei outra postura. Desapontei meu indicador, fechei o punho e levantei o braço: eu também quero protestar!

Vou começar pelo meu protesto de não ter tempo para nada. O coitado do dia me dá VINTE E QUATRO horas e elas ficam se imprensando, se esmurrando, para passarem por cima da outra. O resultado? Um monte de coisas escapando pelas brechas e fugindo para o amanhã...

Por falar em amanhã, por que sempre é lá que ficam nossas alegrias, ou sempre no ontem? Por que a gente joga nosso entusiasmo sempre adiante, ou lá atrás, ao invés de deixarmos ele por aqui, junto com a gente, onde ele não escapa? Parece que essas coisas não dependem da gente, mas se sai de dentro da gente, como é possível não depender? Eu protesto por não entender!

Vou aproveitar para falar mal também dessa nossa classe, que passa notícia atrás de notícia e não reflete, nem amadurece. Para não levar furo, furiosamente escreve. Furiosamente sim, o que não significa que haja um pingo de objetividade, ou talvez o que lhe falte seja justamente a subjetividade necessária para sentirmos na pele – sem as lamuriações sensaciona a la Ana Maria Braga – todos os fatos e notícias que estampam as páginas, as telas, os rádios.

Eu quero protestar porque antes de ontem, à tarde, eu saí lá do Hiper Bompreço e tinha um velhinho deitado sob o sol, com a pele do rosto enrugada, as mãos enroladas por um pano qualquer, dormindo, talvez... e ninguém estava lá para VER isso. E aproveito para protestar contra os que VIRAM e ficaram com cara de besta, sentindo pena, ao invés de engolirem a seco a culpa. A CULPA!

Protesto pelo que o mundo fez com a gente, que não sei o que foi, que se não nos tirou a sensibilidade, no mínimo tirou nosso juízo.

Então agora vou me manifestar também! Vou bloquear o acesso ao meu quarto, desforrar as camas e abrir todas as gavetas. Avisem a todos os meus chegados que o protesto só acaba quando meus botões vierem com um acordo plausível. Do contrário, nada feito.

No fim das contas, essa é só uma forma diferente de nos queixarmos pelas mesmas coisas de sempre, enquanto que os prejuízos grandes, implacavelmente grandes, ficam exatamente como estavam.

A categoria aqui já está cansada dessa memória curta. Mensagens breves que me piram. Pensamentos que por pouco não me despiram o que não poderiam nunquinha retirar. Eu vou reclamar por um contato maior com nós mesmos, a compreensão universal de que estamos no mesmo barco e temos a mesma pauta de reivindicações.

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