segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Falando em mar
E o dia amanheceu novamente
sol bonito, o mar baixinho, baixinho
com os joelhos dobrados, tomando água de coco
desenhando estrelas e as iniciais na areia
que fria ainda estava.
Poesia, vento quente, brisa.
Cuidado com a saia, prende os cabelos
fecha os olhos, escuta, sente a maresia
Esquece do resto, poesia, poesia.
Não dá para ler o livro
o vento quente, a brisa leva.
Não fale nada, as palavras não têm vez.
Vem a música, paz serena
poema, poema.
Vem o velhinho. Amendoim.
Sorriso, sorriso.
E os bebês construindo castelinhos
Pai e mãe destruindo castelinhos
E o mar indo e vindo
acompanhando as gerações.
música, música
Se esconde, rápido, ele vai chegar
Lá vem o repentista a te elogiar
com suas rimas, como ele consegue?
E nem tem dinheiro para dar
Lá vem o sorveteiro
o cara da cadeira
todos com mensagens
de "alguém me salve" ou "deixa para lá"
Mensagens de "compre", "é um e cinquenta"
ou "não quer um guaraná?"
e agora, a lata, o que a gente faz?
deixa na areia.
E o mar vai enchendo
o que há na praia, o mar puxa para si
lata, areia, sal, canudo,
plástico, ferrugem, hora, segundo.
Tem uma criança a brincar na água
mergulha, pula e começa a nadar
ela olha para a mãe "olha o que eu sei fazer"
E um cano de esgoto ao lado, para o mar receber.
E todos eles, no comércio da praia
com mensagens de "alguém me salve" ou "deixa para lá"
Mensagens de "compre", "é um e cinquenta"
ou "não quer um guaraná?"
E eu com a minha tão besta, quase clichê
por favor, parem de sujar
a poesia, o poema, a música
do mar.
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