segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Na cadência do samba


A gente devia ter um samba
Para coisas desse tipo, sem nome.
Essas situações indescritíveis
Esses pedaços indizíveis de quase nada
Quase

O samba seria um tanto instrumental

A gente se preocuparia só em sentir
E deixaria os pensamentos da forma mais bruta possível
Quase como um reflexo, um risco

E na hora de nos preocuparmos com o futuro
A gente sambava
Na hora de refletirmos o passado
Tocaríamos o pandeiro
E aí as coisas iriam se liberar por conta própria
O ritmo revelaria nosso estado de espírito
E nos conduziria à liberdade

De sambar o samba que a gente quiser
De dizer o que a gente pensar
Sem frear, sem filtrar
Sem que isso signifique arriscar
Sem medo de queimar na vela..
O samba perfeito de fim de novela.

O samba das coisas que não se anotam em papel
Não se poetizam, não se confundem
Não se conta como em cordel

E esse irrefreável samba
Colorido de fitas de cetim
Poderia até virar valsa.
Pop, jazz, axé

A falta do que dizer
Não nos deixaria em corda bamba
Em sua máxima expressão de liberdade
A gente faria silêncio do samba

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